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Realidade brasileira debatida em videoconferência da UGT

Realidade brasileira debatida em videoconferência da UGTPublicada - 19/06/2020

O recurso da videoconferência tem sido utilizado pelo movimento social para manter a mobilização em meio ao inédito contexto da pandemia do coronavírus (Covid-19). Convocado pela executiva nacional, o evento virtual que foi ao ar na tarde de 18 de junho, teve como pauta “Ações da UGT Nacional – atuações externas (Congresso, STF, Empresários, Mídia, Governadores) e internas (formação político-sindical e social em parceria com entidades internacionais – Solidarity Center da AFL/CIO, CSI)

Presidentes das unidades estaduais e integrantes do colegiado, que apresentaram avaliação da conjuntura atual e propostas de ação sindical. Coincidentemente, o encontro ocorreu no mesmo dia da prisão de Fabricio Queiroz pela Polícia Federal. Queiroz foi assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro e atuou na segurança pessoal do candidato Jair Bolsonaro, na campanha presidencial de 2018.

Analisando o quadro de crise política, econômica e sanitária que o Brasil atravessa, Ricardo Patah, presidente nacional da central, Ricardo Patah, coordenou o debate, marcado pela constatação de um momento difícil para os brasileiros. No tocante à situação política atual, Roberto Santiago, vice-presidente da UGT, focalizou a aproximação do presidente da República do chamado “Centrão”, grupo que aglutina políticos de diferentes partidos que prioriza a proximidade ao poder executivo de modo a garantir vantagens e privilégios clientelistas.
Santiago, que também é presidente da FENASCON e da FEMACO, de São Paulo, foi deputado federal por dois mandatos e explanou sobre a atual conjuntura política do país, apontando as medidas antipopulares do Governo e a postura do Congresso Nacional. Nesse momento, o sindicalista citou Miguel Salaberry Filho, Secretário de Relações Institucionais da UGT Presidente do SECEFERGS, presente na sessão virtual e com quem contou por anos no gabinete parlamentar.

CENTRÃO CONTRA IMPEACHMENT

“Com o Centrão encostado, se torna distante a possibilidade do “impeachment” de Bolsonaro”, avaliou Santiago, que não visualiza clima para tal acontecimento. O vice-presidente ugetista reprovou as manifestações agressivas contra contra o Supremo Tribunal federal (STF), classificando de “inaceitável” o movimento que soltou rojões e fogos de artifício diante do prédio do tribunal. Para ele, “o extremismo não leva a nada”.

Cássia Bufelli, vice-presidente e Secretária Nacional da Mulher da UGT, se deteve em expor “A Importância das Relações Internacionais”. Ao mesmo tempo em que expôs as desigualdades, a pandemia potencializou o valor da unidade sindical em nível internacional, que aponta para a elaboração de um “Pacto Pós-Pandemia”.

Destacando o bom conceito da UGT entre as centrais internacionais (CSA e CSI) e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), Cássia Bufelli defendeu o fortalecimento do que chamou de rede sindical, composta por sindicatos, federações, confederações, centrais nacionais e internacionais, a partir da constatação de que as questões possuem natureza global.

UGT-RS ALERTA PARA REALISMO

Norton Jubelli, presidente da UGT do Rio Grande do Sul, manifestou a tristeza em ver que ainda existem sindicalistas sem a compreensão de que o Governo Bolsonaro é prejudicial ao movimento social. Mesmo assim, reconhece ser mais aceitável a conclusão do mandato do que um desgastante processo de “impeachment”.
O ugetista gaúcho visualiza o potencial das eleições já definidas para os dias 15 de novembro (primeiro turno) e 29 de novembro (segundo turno) como possibilidade de eleger vereadores e prefeitos alinhados aos princípios progressistas. Na visão de Jubelli, os 50 milhões de votos destinados a Bolsonaro, em 2018, estão em disputa nas próximas eleições.
Partiu do presidente da UGT-RS um pedido para que os dirigentes sindicais tornem públicos os resultados das negociações realizadas, para que todos compartilhem das condições que os empresários oferecem aos trabalhadores. Norton Jubelli saudou a manutenção da combatividade das lideranças mesmo à distância.

MUDANÇA DE QUADRO NACIONAL

Tesoureiro da UGT e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (SIEMACO), Moacyr Pereira, observou a aparição de movimentos de rua contrários ao presidente Bolsonaro, o que não vinha ocorrendo até então. Também comentou a prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro na casa do advogado da família, em Atibaia/SP.

Moacyr, que também preside a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes (CONASCON), não vislumbra o afastamento do atual presidente (impeachment”), o que criaria um ambiente de convulsão social maléfico para o momento.

Secretário de Políticas Sociais da Confederação Sindical das Américas (CSA) e vice-presidente da UGT, Laerte Teixeira da Costa estabeleceu um contraponto entre as manifestações agressivas com o STF e uma postura propositiva quanto à questão: “ao invés de jogar pedras no prédio do STF, devemos levantar a bandeira da reforma do sistema judiciário”, disse.
Alinhado à Cássia Bufelli, o sindicalista fez a defesa da apresentação de um pacto pós-pandemia aos empresários. Laerte da Costa acha que a forma de fazer, falar e atuar deve ser alterada e ser adaptada às exigências da realidade, em que se destacam a inteligência, no disciplinamento do uso da internet e das redes sociais, a partir de uma perspectiva diferente.

PARLAMENTARISMO VENCERIA A CRISE?

David Zaia, também vice-presidente da central, reforçou a análise exposta por Roberto Santiago, exaltando a capacidade do Parlamentarismo em vencer a crise sem traumas. Zaian desconsidera a hipótese de um golpe de Estado no Brasil, mas acha que os democratas não devem “baixar a guarda”.
Crente de que o “Home-Oficce” veio para ficar, o vice-presidente ugestista vê na modalidade uma forma de aumentar a produtividade empresarial ao mesmo tempo em que são reduzidos os custos.
Isau Chacon, secretario nacional  da UGT , ressaltou a imposição da atuação sem a necessidade da presença física das pessoas. Mas ponderou que a funcionalidade trazida pelo trabalho “Home-Office” cobra das empresas o amparo aos que trabalham em casa, como equipamento, por exemplo. No entendimento de Chacon, “O novo modelo não assusta”.

INIMIGO NA TRINCHEIRA

O desabafo do presidente da UGT de Sergipe, Romildo Almeida, foi dirigido aos ugetistas que apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro e ainda permanecem entre os quadros da central. Ele não admite que sindicalistas apoiem quem é contra a atuação e a própria existência do movimento social.
Ao ver o sindicalismo “de pés e mãos atadas”, o ugetista sergipano discorda de quem siga ao lado de um governo que defende a ditadura e combate o movimento sindical. Ele acusa o golpe impetrado contra a ex-presidente Dilma Rousseff como o começo da ascensão da extrema direita, que culminou na eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)