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Hora de governar, Presidente!

Hora de governar, Presidente!Publicada - 14/01/2021

Depois de um ano marcado pela retração da atividade econômica, causada pela pandemia da Covid-19, 2021 começa com uma má notícia para o Brasil e os trabalhadores: a montadora Ford vai encerrar a produção de veículos no Brasil.

Três fábricas serão fechadas: Camaçari, na Bahia, local em que eram produzidos os modelos EcoSport e Ka; Taubaté, em São Paulo, que produz motores; e Horizonte, no Ceará, que fabrica jipes da marca Troller. As duas primeiras terão suas atividades encerradas imediatamente, enquanto a última, até o quarto trimestre deste ano.

Cerca de 5 mil empregos diretos serão perdidos, mas o número pode passar de 12 mil, considerando os indiretos, que fazem parte da cadeia de suprimentos composta por uma rede de empresas que participam das etapas de formação e comercialização do produto.
Embora a multinacional alegue a "Continuidade do ambiente econômico desfavorável" e "pressão adicional causada pela pandemia", a decisão vai além da crise econômica mundial.

REFORMAS INDISPENSÁVEIS

O chamado "Custo Brasil" - um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que atrapalha o ambiente de negócios no país – desponta entre os reais motivos do fim de um ciclo que durou um século em nosso país. Apesar da crise econômica, acentuada pela pandemia de covid-19, o Brasil ainda segue sendo um mercado consumidor imenso, respondendo por mais de 50% das vendas na América do Sul.

O Relatório Econômico da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE de 2020 sobre o Brasil, põe do dedo na ferida e recomenda ações concretas para a política econômica, à luz da experiência internacional, e conclui que, com a pandemia, será preciso acelerar as reformas de caráter urgente que consolidem a estabilidade política e também das leis.

A OCDE considera que o Brasil tenta e até apresenta as reformas, mas esbarra no lento processo de aprovação política. O relatório conclui que o Brasil deve promover reformas que melhorem a estrutura das contas públicas e atuem na redução do déficit público, com destaque para a reformulação no campo tributário e fiscal, junto à reforma administrativa.

DESCER DO PALANQUE

Junto a problemas históricos, como o “Vôo da Galinha” na economia brasileira, enfrentamos outra dificuldade para conseguir avançar no processo de desenvolvimento econômico. É preciso que o Presidente da República desça do palanque para governar. Desde a eleição, Bolsonaro segue fazendo campanha e não programa ações positivas para enfrentar os desafios de uma crise econômica profunda.

Apático e negacionista, o governo não cria estratégias para proteger a população e tampouco lidera a união de forças para encarar a gravidade do momento.
A decisão da Ford pode ser um sinal do agravamento da crise que fará com que o Brasil fique mais pobre e aprofunde ainda mais a desigualdade social, com o aumento do desemprego e da miséria entre os brasileiros.

Desça do palanque e governe, Presidente!


Norton Jubelli é presidente da União Geral dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (UGT-RS) e do Sindivalores-RS